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Uma entrevista com os pioneiros do pop experimental Everything Everything

Emily_F
Participante
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Author: Sony Europe

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Os Everything Everything não são como a maioria das bandas pop. Eles escrevem letras acerca de Photoshop e de ovos Fabergé. A música deles utiliza ritmos complicados e arranjos complexos. O vocalista, Jonathan Higgs, canta num falsete inconfundível. Mas ligue o rádio e é provável que os oiça entre outros, como os One Direction e David Guetta.

 

Ao longo de três álbuns, o quarteto de Manchester aprendeu a equilibrar a sua excentricidade com sensibilidades pop tradicionais, e o resultado garantiu-lhes tempo de antena em horário nobre da rádio e presenças em festivais internacionais. No entanto, não se assemelham em nada aos seus pares.

 

Desde o início que mostraram ao que vinham. Como se viu pela forma como celebraram o lançamento do seu álbum de estreia, Man Alive, em que utilizavam muitos sintetizadores, em 2010, quando tocaram o álbum completo na Union Chapel em Londres, acompanhados por uma orquestra completa.

 

 

"Sim, foi ambicioso! Talvez um pouco demasiado ambicioso, mas estamos contentes por tê-lo feito", diz o baterista Michael Spearman. "Felizmente tivemos ajuda de amigos com os arranjos da música para a orquestra, mas a parte da organização e dos ensaios foram tarefas desafiantes."

 

Musicalmente eclético

 

A última aposta, Get To Heaven, é capaz de ser a afirmação mais definitiva até ao momento. É divertido, inteligente e, sem quaisquer dúvidas, o mais musicalmente eclético, com particular inspiração em Kanye West e no produtor musical Jon Hopkins, assim como em R'n'B, house, afrobeat, krautrock e muitos outros estilos de música.

 

 

No entanto, raramente se fixam num som específico quando se sentam para compor uma música. "Normalmente é assim que as coisas saem nas fases de demonstração iniciais. Às vezes, damos um estilo diferente a uma música, ou a uma secção de uma música, tal como foi originalmente concebida, mas geralmente é inconscientemente. É muito raro fazermos por combinar vários géneros, até porque depois pode soar muito forçado."

 

Aceitar a era digital

 

Ao analisar Get To Heaven no The Guardian, o crítico de música, Alexis Petridis, estabeleceu paralelismos entre a música e a era digital em que vivemos; os arranjos complexos e a densa atuação instrumental como reflexo da "sobrecarga de informação das notícias constantes durante 24 horas, acompanhada pela enorme câmara de ressonância dos media sociais."

 

Talvez seja uma consequência do processo criativo deles, que normalmente significa substituir a configuração da banda tradicional por algo mais digital. "Hoje em dia, é mais frequente que as músicas nasçam num portátil em vez de numa guitarra ou piano. A vantagem é que já não estamos limitados pela nossa capacidade técnica e o nosso único verdadeiro limite é a nossa imaginação. Tocar guitarra, teclados ou bateria normalmente leva-nos a tocar algo que estamos de alguma forma condicionados a tocar por velhos hábitos, o que nos pode parecer limitador.

 

"A única potencial desvantagem dos computadores é a possível falta de parâmetros. Ter uma página totalmente branca e a liberdade de se fazer o que quer que seja pode provocar uma espécie de "paralisia de escolha". Normalmente impomos alguns limites, uma estrutura com que trabalhar."

 

Preservar o áudio de alta resolução

 

São necessárias muitas horas de trabalho num estúdio de gravação para produzir música tão ousada e densa, não sendo surpresa nenhuma que tenham muito a dizer sobre a preservação da qualidade da música digital. "Há tantas opiniões sobre este assunto... O Paul McCartney disse que não importava como as pessoas desfrutam da sua música desde que gostem do que ouvem, já o Neil Young é um acérrimo defensor do áudio de alta resolução e até desenvolveu o seu próprio leitor de áudio para o efeito.

 

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"Creio que a nossa perspetiva está no meio-termo. Queremos que as pessoas ouçam a nossa música. Se o fazem através de uma transmissão legítima de baixa resolução e, de facto, a qualidade não os incomoda, então tudo bem. Por outro lado, é um pouco frustrante termos gastado dinheiro, tempo e cuidado ao gravar, misturar e remasterizar a nossa música e as pessoas ouvem-na através das colunas dos telemóveis ou em auscultadores terríveis, o que significa que perdem muitos detalhes, subtileza e força por falta de frequências altas e baixas. É uma pena."

 

Nos últimos cinco anos, os Everything Everything passaram de atuar em bares e discotecas em Manchester a atuar num palco principal no festival de Glastonbury perante dezenas de milhares de fãs. Por toda a destreza musical demonstrada, o Get To Heaven também parece ser uma celebração de onde se encontram neste momento; o culminar perfeito do melhor dos últimos dois álbuns. "O Arc é mais calmo e mais passivo do que o Man Alive mas as músicas talvez sejam mais fortes em termos de melodia. No Get To Heaven esforçámo-nos por conseguir mais energia e cor do que do no Arc , esperando manter a forte sensação de melodia. Estamos muito orgulhosos do resultado."

 

O último álbum dos Everything Everything, Get To Heaven, já foi lançado. Para consultar as datas de digressão, aceda ao website da banda.

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